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23/11/2024
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Eleição nos EUA: Real Clear Politics não “retirou” Pensilvânia de Biden e nunca declarou democrata vencedor; entenda

Por Rodrigo Tolotti

Boatos dizem que site, um dos mais importantes agregadores de pesquisas dos EUA, teria voltado atrás, um sinal de reversão da eleição a favor de Trump

Apesar do democrata Joe Biden ter sido declarado vencedor da eleição nos Estados Unidos no último sábado (7), ainda existem muitas dúvidas sobre o processo eleitoral americano, o que é agravado pelo fato do presidente Donald Trump não assumir sua derrota.

Um dos pontos importantes, e que confunde bastante, é o fato de que o anúncio do presidente eleito nos EUA acontece pela imprensa. No país não existe um órgão eleitoral nacional, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil, sendo que as regras e a apuração são de responsabilidade do governo estadual.

E, desde a noite de segunda-feira (9), uma informação errada tem sido difundida nas redes sociais, afirmando que o site RealClearPolitics (RCP), um dos mais importantes agregadores de pesquisas dos EUA, teria recuado em sua decisão de dar a vitória para Biden na Pensilvânia, o que faria ele ter apenas 259 delegados, sendo que são necessários 270 para ser declarado vencedor.

Isso tem sido usado de argumento de que o democrata não pode ser declarado vencedor ainda e seria uma sinalização de que a situação da eleição ainda pode ser revertida.

O problema é que o RCP foi um dos veículos que, em nenhum momento, assumiu a vitória de Biden na Pensilvânia e, portanto, ainda não declarou o democrata vitorioso. A informação foi confirmada por Tom Bevan, presidente do site, em seu Twitter.

Contudo, a maioria dos veículos mantém a vitória democrata e não há uma tendência disso ser alterado.

Segundo Sol Azcune, analista política da XP Investimentos, é possível que ainda haja alguns ruídos por conta dos processos movidos por Trump, em especial após o procurador-geral dos EUA, William Barr, autorizar a investigação sobre as eleições.

Porém, para ela, a “chance de realmente mudar alguma coisa é muito muito pequena”, principalmente se Biden conseguir conquistar muito mais delegados que o necessário. Com a apuração ainda em andamento, o democrata caminha para encerrar a eleição com 306 delegados, o que forçaria Trump a conseguir reverter o resultado em mais de um estado para conseguir ganhar.

Por conta das regras eleitorais serem estabelecidas pelos estados, os veículos de imprensa colocam integrantes de suas equipes espalhados pelo país para irem recebendo os dados da apuração da forma mais rápida possível, direto dos milhares de locais de contagem.

Usando fórmulas matemáticas que consideram não só a quantidade de votos que restam ser contados, mas informações geopolíticas (como quais condados ainda estão apurando e qual partido tem mais eleitores nesses locais), estes veículos definem o momento em que podem anunciar que um candidato venceu naquele estado.

E por conta deste sistema que vimos nesta eleição, existe uma diferença na contagem. Plataformas como a Associated Press e a Fox News, por exemplo, anunciaram o Arizona para Biden, enquanto CNN e The New York Times, não confirmaram o estado para o democrata.

Isso não é uma exclusividade dessa eleição. Em 2016, Trump foi declarado presidente eleito pela imprensa por volta das 5h20 (horário de Brasília). Como é possível ver no vídeo abaixo, o republicano aceitou que era vencedor quando a televisão americana projetou que ele havia derrotado Hillary Clinton.

Portanto, é natural nos EUA que seja a televisão e os jornais que declarem um candidato vencedor. Neste ano, porém, a disputa judicial pode deixar o cenário um pouco mais nebuloso.

“A judicialização pode ocorrer tanto no estado como na suprema corte, caso Trump discorde do resultado na justiça estadual. Existe previsão legal, mas apenas nos casos em que haja evidências claras de que houve alguma irregularidade. Jamais tendo por base algum ‘ouvi dizer’. Trump pediu a recontagem em três estados, mas não foi acolhido exatamente por não haver nenhuma evidência de fraude”, explicou Antônio Rocha, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), para a Agência Brasil.

Segundo o professor, as argumentações apresentadas por Trump estão relacionadas a adaptações que se fizeram necessárias por conta da pandemia e das medidas de isolamento, adotadas com o intuito de proteger principalmente a pessoas do grupo de risco.

Oficialmente, o colégio eleitoral se reúne em 14 de dezembro, quando oficializa o resultado das eleições. Até lá, os protestos de Trump ainda devem gerar algum ruído, ainda que pequenos.

Fonte: InfoMoney

Redação
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