Os medicamentos naturais já beneficiaram mais de 300 mil pacientes
Há exatos 30 anos, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal iniciava seu Projeto de Fitoterapia. A iniciativa antecedeu o que hoje se conhece como Farmácia Viva. O objetivo era integrar a Fitoterapia como opção terapêutica aos programas existentes nas unidades de saúde. Desde então, mais de 300 mil pessoas já fizeram uso dos produtos, desenvolvidos com plantas cultivadas na própria unidade.
A Farmácia Viva funciona no meio do mato, no mesmo terreno do Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo. Quem ali trabalha tem a grata missão de conviver com o canto dos pássaros e o cheirinho de diversas plantas, como a citronela e o capim cidreira, algumas das dezenas de espécies cultivadas na área. Ao todo, 13 profissionais atuam no local, sendo três farmacêuticos e dez técnicos de diversas áreas.
Atualmente, oito fitoterápicos são produzidos na unidade. A farmácia faz todo o processo: cultiva a planta medicinal, faz a colheita, a triagem, a secagem e, por fim, vai para o processo de extração no laboratório, onde são obtidos as tinturas e os extratos, podendo ser usados como produto acabado ou como matéria prima para produção de outros produtos.
DISTRIBUIÇÃO – Ao todo, 21 unidades de saúde retiram os fitoterápicos na Farmácia Viva e distribuem para a população, em suas farmácias, mediante receita prescrita por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas. Somente no ano passado, foram produzidos e distribuídos 25 mil fitoterápicos.
A Unidade Básica de Saúde 1, no Núcleo Bandeirante, foi a primeira a aderir ao projeto e, hoje, é uma das que mais distribui os fitoterápicos. Por mês, são 300 deles entregues a cerca de 200 pacientes. “O que tem a maior demanda é a tintura de funcho, bom para problemas estomacais”, destaca o gerente da unidade, João Luís Saviano Gomes.
Segundo Juliana Piccin Mônaco, uma das farmacêuticas da Farmácia Viva, a produção dos fitoterápicos é de pequena escala, por demanda. “É flutuável. Mas produzimos uma média de 400 frascos de xarope, semanalmente, por exemplo, e uns 250 potinhos de gel”, frisa.
PRODUTOS – Atualmente, a Farmácia Viva produz quatro tipos de gel: o de alecrim pimenta, usado como antisséptico e fungicida; o de babosa, para cicatrização; o de confrei, usado em hematomas e machucados em geral; e o de erva baleeira, que tem se mostrado muito eficaz como anti-inflamatório.
O boldo, o funcho e o guaco saem em forma de tintura. Os dois primeiros têm indicação para problemas estomacais. O último, carro-chefe da Farmácia Viva, é muito utilizado no combate a resfriados e sua produção também pode ser em forma de xarope, ideal para crianças por ter sabor adocicado.
“Estamos em fase adiantada para lançar um novo fitoterápico. Trata-se da droga vegetal rasurada (folha seca rasurada), obtida a partir da colônia (Alpinia zerumbet), destinada ao preparo de infuso, indicado como auxiliar no tratamento da ansiedade leve”, adianta o chefe do Núcleo da Farmácia Viva, Nilton Netto.
A planta já é cultivada e a embalagem está em fase de desenvolvimento. “Precisamos que a Anvisa publique a segunda edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, onde consolidamos as informações técnicas referentes ao fitoterápico no âmbito da Farmácia Viva. Com isso, podemos fazer o lançamento oficial”, explica Netto.
HISTÓRIA – A Farmácia Viva começou com um Projeto de Fitoterapia, como parte do Programa de Desenvolvimento de Terapias Não Convencionais no Sistema de Saúde, em 1989.
Para padronizar o primeiro elenco, foram escolhidas dez espécies vegetais: mentrasto, alho, babosa, capim santo, alecrim pimenta, camomila, espinheira santa, hortelã, guaco e boldo nacional. Profissionais de saúde também foram capacitados em um curso de especialização e receberam a publicação Plantas & Saúde: Guia Introdutório à Fitoterapia.
À época, também foi criada a Oficina de Processamento Vegetal, cujo objetivo era transformar algumas espécies em drogas vegetais, prescritas pelos profissionais capacitados, para o preparo de infusos. Para esta atividade, foram escolhidas cinco das dez espécies padronizadas: guaco, espinheira santa, camomila, capim santo e boldo nacional.
Quase dez anos depois do início do Projeto de Fitoterapia, foi inaugurado o Laboratório de Manipulação de Medicamentos Fitoterápicos e, no ano 2000, começou a manipulação de fitoterápicos.
E é ali que trabalha, há 28 anos, Wagna Vieira da Silva. “É um trabalho abençoado. Saber que a planta tirada da terra vira algo que traz saúde para as pessoas”, diz ela, que usa os fitoterápicos para tratar os filhos, netos e bisnetos. “Trabalho aqui desde que minha caçula tinha quatro meses de vida. Ela foi a que mais usou, principalmente, o guaco”, lembra.
No começo da produção do laboratório, foram definidos os seguintes fitoterápicos: xarope de guaco, tinturas de camomila, de boldo nacional, de espinheira santa e de alecrim pimenta, gel de babosa e pomadas de mentrasto e de confrei.
Em 2005, porém, encerrou-se a produção de drogas vegetais para o preparo de infusos. Mas, durante o período das atividades, foram produzidas e dispensadas cerca de 85 mil unidades de 30g contendo droga vegetal.
Somente em 2010, o laboratório de medicamentos fitoterápicos virou a Farmácia Viva. E, três anos depois, foi criado, oficialmente, o Núcleo de Farmácia Viva, subordinado à Diretoria de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
A publicação, em 2011, do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira e da RDC Anvisa nº 18, de 2013, possibilitaram a reavaliação da padronização das espécies vegetais destinadas à produção de fitoterápicos.
Além da produção desses medicamentos, a Farmácia Viva recebe visitas técnicas de escolas e de profissionais de Saúde. Em razão disso, o local abriga espécies botânicas ornamentais, alimentícias, medicinais e tóxicas com objetivo de divulgar a informação botânica.
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Fonte: Assessoria de Comunicação da Secretaria de Saúde / (61) 2017 1111