Por Flávia Arruda
Alguém já disse que o calendário esconde uma sábia renovação de esperança. O espírito de Natal e de virada de ano nos leva à reflexão sobre as lições do ano que está terminando e também a fazer planos para o ano que está chegando.
Em 2019, cheguei ao Congresso com muitos sonhos e eles foram testados, logo de cara, pelo preconceito e pelas circunstâncias do radicalismo que vivemos. O preconceito de ser mulher e esposa de um homem público, em uma sociedade machista como a nossa, pesa muito.
Além disso, o sectarismo que vivemos hoje, irracional, ampliado pelas redes sociais e seus efeitos multiplicadores de posições radicais, dificulta muito uma discussão mais sensata sobre os gravíssimos problemas do país.
Por seu lado, aos poucos fui encontrando parlamentares experientes dispostos a diálogo propositivo; jovens deputados cheios de esperança e de vontade de trabalhar; servidores comprometidos em todas as esferas; e líderes que foram abrindo espaços para novas ideias e percepções que chegavam.
Ao final do ano, depois de muito trabalho, estou muito feliz pelo que avançamos. Criamos a comissão externa do combate ao feminicídio, que presido, e creio que estamos dando não só visibilidade a essa epidemia de violência contra as mulheres, como também uma contribuição efetiva ao entendimento das suas causas e das formas de combater esse drama nacional. Combate que já percebemos que, em todo o país, deve ter como ações fundamentais o investimento na prevenção e educação, desde a infância.
Estou feliz também por ter sido escolhida para presidir a comissão que vai reavaliar o programa Bolsa Família, a partir de proposta da deputada Tabata e de outros jovens deputados. Projeto com perspectiva interessante de que esse programa passe a ser de Estado, não apenas política de governo, e que possa, a partir daí, ter menos uso político e mais força para realmente diminuir as enormes desigualdades do país. Vamos em busca de um programa que alcance as 4 milhões de crianças de até 4 anos de idade que estão abaixo da linha da pobreza.
Basta olhar para o lado, mas o mais recente Relatório de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas quantificou as desigualdades. O levantamento coloca o Brasil em segundo lugar em má distribuição de renda. Temos pessoas passando fome enquanto os 10% mais ricos concentram 41,9% da renda total do país. O IBGE nos revela que os mais pobres perderam mais de 3% da renda, enquanto os mais ricos cresceram 8%.
Motiva-nos nesse trabalho a certeza de que índices como esse e que nossas desigualdades históricas só podem ser atenuados com políticas aplicadas continuamente e avaliadas permanentemente. Com um entendimento de que a superação esbarra em obstáculos não muito diferentes dos que fazem parte da nossa história política como é a busca insensata por um salvador da pátria, por soluções rápidas e milagrosas e a falta de canais de diálogo produtivo e permanente entre as diferentes correntes de pensamento, mas que esta legislatura possa traçar um caminho diferente.
No plano local, conseguimos as emendas para a construção de Upas, creches e, em perfeito entendimento com o GDF, alocar os recursos nas prioridades da população como a estruturação da rede pública de saúde. Recursos que muitas vezes se perderam por falta de projetos e diálogo.
Nesse mesmo sentido, conseguimos também contribuir com o governo para retomar políticas sociais que, aos poucos, vão ganhando eficiência. Tenho dedicado o meu mandato a essas três linhas de ação: a defesa dos direitos e da vida das mulheres, a busca de recursos para Brasília se desenvolver e as políticas sociais que atendam quem mais precisa.
O presidente Rodrigo Maia tem formado grupos de parlamentares focados nas reformas, sobretudo na economia e nas políticas sociais. Talvez esse seja o Congresso mais reformista do Brasil nos últimos anos e mais antenado em estabelecer novos parâmetros para a nossa convivência social e política. E temos atuado nessa direção, ouvindo a sociedade e fazendo do Congresso, como deve ser, o grande palco das mais importantes discussões nacionais.
Avançamos e creio que poderemos avançar muito mais no próximo ano, diminuindo radicalismos, combatendo posições sectárias, afastando surtos e resquícios de autoritarismo e usando o diálogo como arma na busca de leis e políticas públicas apropriadas para uma sociedade que busca a diminuição das desigualdades, das injustiças e dos preconceitos.
Fonte: Ascom da Deputada Federal (PL/DF) Flávia Arruda