Em 2009, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE/SP) julgou irregular a tomada de preços de uma licitação de R$ 584.875,20 que a Companhia Municipal de Transportes de Osasco (CMTO) firmou com a empresa VR Vales Ltda. Então diretor financeiro da CMTO, Douglas Vicente Figueredo foi um dos condenados a pagar uma multa de R$ 1.585,00 (R$ 4.551,86, em valores corrigidos) por ser um dos subscritores dos termos contratuais.
O artigo 28 do estatuto do GEAP afirma que um “candidato a membro da Diretoria Executiva” não pode “ter sofrido penalidade administrativa por infração da legislação da seguridade social ou como servidor público”. A multa aplicada pelo TCE/SP configura uma penalidade administrativa.
Mas mesmo assim, Douglas Figueredo virou presidente do bilionário Grupo Executivo de Assistência Patronal (GEAP) neste ano, quando seu partido, o PODEMOS, resolveu fazer parte da base de sustentação política do governo Lula.
Considerado homem de confiança da presidente do Podemos, o ex-secretário nacional do partido, Douglas Figueredo, foi indicado para presidir o GEAP pela deputada federal Renata Abreu, que comanda a sigla.
A nomeação de Figueredo passou tranquilamente (por motivos óbvios) pelo Conselho de Administração (Conad) do GEAP em fevereiro deste ano. O partido apresentou uma declaração do TCE-SP que atesta não haver registro de contas julgadas irregulares em nome de Figueredo, mas não falou sobre a aplicação da pena administrativa.
O Conad é composto por seis conselheiros, sendo que três foram indicados pelo governo Lula e outros três foram eleitos pelos beneficiários do GEAP. Em caso de empate, o voto de minerva cabe à presidente do Conad, Francisca Lucileide de Carvalho. Ela é chefe de gabinete da Secretaria-Executiva da Casa Civil, hoje ocupada pela ex-ministra Miriam Belchior.
Operadora de saúde complementar, o GEAP é uma autogestão que administra e cuida das vidas dos servidores públicos federais e de seus dependentes nas 27 unidades da Federação. A GEAP possui quase R$ 2 bilhões em ativos financeiros.
Nos últimos 4 anos, o GEAP ficou nas mãos dos militares e, com a mudança de governo, Renata Abreu, presidente do Podemos, exigiu e fechou acordo com o PT e indicou Douglas Figueredo para a função de Diretor-Presidente. A partir daí, se iniciou um ciclo voltado a atender e acomodar correligionários do Podemos, que vão desde deputados federais (esses indicaram as gerências em seus respectivos estados – e amigos do presidente em lugares onde o partido não elegeu parlamentares.
O Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (SINSSP) tem recebido uma série de reclamações de empregados do GEAP e de beneficiários sobre o loteamento de cargos que o atual diretor-presidente da Operadora de Saúde, Douglas Vicente Figueredo, vem fazendo desde a sua contratação, em fevereiro de 2023.
Apenas como exemplo, o SINSSP citou alguns dos indicados do PODEMOS no GEAP:
GEAP DF – Importado da Prefeitura de Viana- ES, comandada pelo PODEMOS, Érico Alves Lopes é advogado e indicado pelo Podemos e contratado pela GEAP para ocupar o cargo de Gerente Regional da GEAP no DF;
GEAP SC – Importado da cidade de Ribeirão Pires- SP, João Mancuso Corinaldesi é indicado pelo Deputado Estadual Murilo Felix (PODEMOS), da cidade de Limeira/SP, e foi contratado pela GEAP para ocupar o cargo de Gerente Regional da GEAP em Santa Catarina;
GEAP BA – Indicado pelo Deputado Federal da Bahia, Raimundo Costa (PODEMOS), José George Santana da Hora Junior deixou o cargo do gabinete do parlamentar para ser contratado pela GEAP e ocupar o cargo de Gerente Regional na Bahia.
GEAP PR – Importado da cidade de SP, Tadeu adubas Sobrinho é indicado pelo deputado Federal/SP, Bruno Ganem (PODEMOS) e contratado pela GEAP para ocupar o cargo de Gerente Regional do Paraná.
Esses são só alguns exemplos do loteamento da operadora de saúde, sustentada pelos beneficiários que aportam mais de 90% dos recursos.
E pasmem: Ao assumir a presidência, Douglas simplesmente decidiu centralizar em Brasília todos os contratos do GEAP, esvaziando as gerências estaduais, fato que está deixando parlamentares responsáveis pelas indicações nos estados, insatisfeitos e desconfiados.
A gestão passada havia deixado uma grandiosa reserva em caixa, na casa de R$ 1 bilhão, e esse montante vem se esvaziando de forma extremamente atípica diante de contratações e indenizações, já feitas sob o comando do novo presidente do GEAP, cujo orçamento mensal chega a R$ 320 milhões.
Segundo informações apuradas pelo blog, os vultosos contratos do GEAP se dão com dispensa de licitação e vão desde aquisição de medicamentos e dietas em proporção nacional, a clínicas, home cares e hospitais.
O que será que o respeitado líder do Podemos, senador Oriovisto Guimarães fará a respeito desse assunto? Cobrará a presidente Renata Abreu para que explique porquê escolheu o GEAP como moeda de troca para dar “apoio” ao governo Lula? Pedirá o senador a imediata exoneração de Douglas Figueredo diante de suspeitas e reclamações? E os deputados federais do Podemos, exigirão a demissão do homem de confiança de Renata Abreu?
Com a palavra, o Podemos, que parece mesmo ter dois discursos: um para o eleitor e outro para si.
Novo escândalo a seguir que pode enterrar de vez o discurso de seriedade e honestidade do Podemos?
Fonte: Blog do Donny Silva