O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT/DF) moveu ação civil pública por assédio moral contra a Real JG Serviços Gerais, ligada ao distrital José Gomes (PSB). Na peça, a Procuradoria pede a condenação da empresa ao pagamento de R$ 150 mil em indenização por dano moral coletivo. De acordo com a denúncia, durante a corrida eleitoral pela Câmara Legislativa, os funcionários da firma foram coagidos a votar no então candidato, além de fazer campanha. A primeira audiência do processo ocorrerá em 4 de abril.
O órgão ministerial recebeu oito denúncias sobre irregularidades trabalhistas na empresa. Nas peças, os trabalhadores relataram, por exemplo, que tiveram de carregar bandeiras e postar mensagens de apoio nas redes sociais, sob a ameaça de demissão. Para a procuradora que assina a petição inicial, Ludmila Reis Brito Lopes, “a conduta da empresa é lesiva e violadora de direitos”.
O MPT indica Douglas Ferreira Laet, primo do parlamentar, como o principal responsável pelas coações. Em gravações feitas pelos funcionários, ele diz: “Eu já tenho o título de eleitor de vocês, sei a Zona onde vão votar e sei quem vai e quem não vai trair a Real, o senhor José Gomes. Sei quem vai dar tapinha nas costas e sei quem no dia não vai estar porque se naquela Zona tinha que votar dez e só votaram nove, alguém ficou de fora”.
O Correio tentou contato com os envolvidos, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Ao MPT todos declararam-se inocentes.
Esfera eleitoral
Eleito deputado distrital com 16,5 mil votos na estreia da vida pública, o empresário José Gomes também é investigado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). O órgão ministerial pediu, na última semana, a cassação do mandato do parlamentar e a suspensão de seus direitos políticos por oito anos por abuso de poder econômico.
O processo foi aberto no Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE/DF) a partir de uma representação apresentada pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT), antes mesmo da eleição. O parlamentar recebeu denúncias de dezenas de empregados da Real JG Serviços Gerais, com relatos de supostas pressões para que os terceirizados votassem em José Gomes. A representação tinha gravações de reuniões, em que altos funcionários da empresa Real JG cobravam os trabalhadores sobre a escolha do concorrente a distrital.
Fonte: Correio Braziliense