A Polícia Federal bateu na porta do apartamento do general Paulo Chagas logo ao amanhecer desta terça-feira, 16, em Brasília. O militar, que está em viagem ao Rio Grande do Sul, é crítico contumaz da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Paulo Chagas é velho aliado do presidente Jair Bolsonaro. Disputou o governo do Distrito Federal em outubro último, pelo PRP, ficando em quarto lugar. A ordem de busca e apreensão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Em postagem no Twitter, o militar da reserva reagiu irônico à inesperada visita:
“Caros amigos, acabo de ser honrado com a visita da Polícia Federal em minha residência, com mandato de busca e apreensão expedido por ninguém menos do que ministro Alexandre de Moraes. Quanta honra! Lamentei estar fora de Brasília e não poder recebê-los pessoalmente.”
O certo é que o interfone tocou muito cedo na residência do general Paulo Chagas, no bairro de Águas Claras, em Brasília. Informado por telefone, por estar ausente da Capital, o ex-candidato ao Governo do Distrito Federal em 2018, reagiu nas redes sociais lamentando não estar presente para receber os funcionários da Polícia Federal, que faziam a visita por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, ex-ministro da Justiça de Michel Temer.
Com mandado de busca e apreensão apresentado pelos policiais, equipamentos foram confiscados, mas ainda não há informação precisa sobre o que pretendem com a encomenda. Nas últimas horas, o STF tem surpreendido com ações de grande repercussão, como a censura imposta à revista Crusoé, proibida de publicar matéria sobre o presidente daquela corte, Dias Toffoli. A determinação foi também de Alexandre de Moraes.
Em trânsito, o general Paulo Chagas não pretende comentar antes de ter maiores informações sobre o caso. Combativo em seus artigos e crítico às decisões do STF por decisões que beneficiam o que ele considera inimigos do Estado, Chagas tem milhares de seguidores nos canais da internet.
De todos os generais, inclusive os mais próximos de Bolsonaro, ele é o que mais diretamente expõe os princípios e conceitos de uma corrente de direita, da recuperação de uma sociedade que, segundo ele, foi deteriorada pelos governos de esquerda nos últimos anos.
Paulo Chagas, que presidiu a entidade TERNUMA – Terrorismo Nunca Mais, marchou com Bolsonaro durante a campanha e esteve ao seu lado na última carreata do presidente, realizada em Ceilândia, na véspera do atentado sofrido em Juiz de Fora.
O general é considerado um porta-voz da alta patente do Exército e seu perfil não é o de voltar atrás sobre aquilo que escreve. Esse embate tem características diferentes da ação contra a revista Crusoé imposta por Moraes. Agora é aguardar para ver como serão estabelecidas as hierarquias, caso a investida do STF caminhe para um confronto mais agressivo. Vamos aguardar.
Até as 8h24, dos oito mandados cumpridos em 3 estados, apenas o general Paulo Chagas revelou publicamente que havia sido alvo da operação.
Fonte: Notibras.com