Em casa, já sente os benefícios do procedimento: “sem insulina”
A paciente Eliete Alves da Costa Barros, a primeira a passar pela cirurgia para tratar o diabetes do tipo 2 pelo Sistema Único de Saúde (SUS), recebeu alta do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), nesta quinta-feira (27), apenas dois dias após o procedimento.
“Estou tranquila. Sinto um pouco de dor, mas o médico disse que é normal. Mas estou muito animada. Desde segunda-feira, não uso a insulina e, mesmo assim, minhas taxas estão baixando. É provável que, em dois meses, eu não esteja tomando mais nenhuma medicação”, comemora ela, já em casa.
Como a intervenção é minimamente invasiva, a recuperação costuma ser rápida. “Nos próximos 15 dias, não poderá fazer nenhum esforço físico”, informou o médico responsável pelo procedimento e coordenador do Serviço de Cirurgia do Diabetes do Distrito Federal, Renato Teixeira. Depois da cirurgia, a equipe multiprofissional do Hran continuará acompanhando a paciente por, aproximadamente, um ano.
De acordo com Teixeira, a paciente não respondia ao tratamento clínico contra a doença, que continuava a evoluir e com risco de causar uma cegueira.
Muito religiosa, Eliete comemora o fato de o novo método poderá ajudar muita gente. “Fui a primeira, mas não sou a única com essa doença. Então, saber que outras pessoas poderão ser beneficiadas me deixa muito feliz. É um recomeço de vida”, diz.
FUTURO – Outra paciente deve passar pelo procedimento em breve. Eliana da Conceição Amaral, 46 anos, tem apenas mais uma consulta pela frente para que a cirurgia seja marcada.
O diabetes veio com a primeira gestação, há 20 anos. Desde então, os medicamentos, a restrição alimentar e o medo das complicações passaram a fazer parte da sua rotina. “Muita gente da minha família tem a doença. Minha avó e uma tia precisaram amputar dedos dos pés por causa do diabetes. Minha mãe está quase cega, tem insuficiência renal e problemas cardíacos também por causa do problema. Meu pai morreu de AVC e também tinha diabetes”, relata.
No caso dela, algumas consequências já podem ser observadas. “Minhas vistas estão prejudicadas e tenho pouca sensibilidade nos dedos dos pés”, conta ela, que já se considera vitoriosa por ser a próxima beneficiada com a cirurgia.
Eliana foi uma das pessoas que acompanhou a cirurgia realizada em Eliete, transmitida ao vivo para convidados, na última terça-feira (25). “Inclusive, ouvi o relato do governador Ibaneis, que disse ter passado por este mesmo procedimento há alguns anos e, desde então, está livre de medicamentos”, ressalta.
PROCEDIMENTO – Na cirurgia, considerada minimamente invasiva, o estômago é cortado em duas partes. Depois, o intestino é cortado em forma de Y e uma dessas partes é ligada ao estômago. Assim, o alimento é desviado para mais próximo do final do intestino.
Antes, a cirurgia era realizada no Brasil como pesquisa e de forma experimental, apenas na rede privada. Contudo, em 2018, o Conselho Regional de Medicina (CRM), pela Resolução n° 2.172, autorizou a inserção do tratamento cirúrgico para o diabetes.
As vantagens da cirurgia incluem: um controle efetivo dos níveis de glicemia; diminuição importante da mortalidade, doenças renais, cegueira, amputações e custos para o SUS; na maioria dos casos, representa uma retirada dos medicamentos, incluindo insulina; além do aumento na qualidade de vida do paciente e sua reinserção na vida social saudável.
DIABETES – É uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, sendo a primeira causa de morte não traumática no mundo. Entre as complicações relacionadas à doença, é possível citar cegueira, infarto, insuficiência renal, entre outras complicações.
Existem o tipo 1 e o tipo 2 da doença. No tipo 1, a pessoa já nasce com ela devido a alterações no pâncreas. No tipo 2, a pessoa adquire a doença devido, geralmente, à predisposição e associação à obesidade.
No Brasil, a cada mil pessoas com diabetes do tipo 2, um total de 27 morrem, por ano, devido a infarto do miocárdio. Metade das pessoas com diabetes do tipo 2 vão desenvolver doença renal grave. Aproximadamente, 80% das pessoas em hemodiálise têm diabetes. Além disso, um paciente, a cada dez, terá comprometimento grave da visão. A amputação é 20 vezes mais comum em pacientes com diabetes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de epidemia para a doença, devido ao grande aumento no número de casos diagnosticados por ano, sendo projetado um aumento de cerca de 70% em 15 anos se nada for feito.
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Fonte: Assessoria de Comunicação da Secretaria de Saúde / (61) 2017 1111