Para colunista, presidente pode ser o mais contestado, criador de caso e desastroso da mundo, mas não apita na economia – e nisso tem mérito
Por J.R Guzzo / jr.guzzo@metropoles.com
Há um culpado direto, ou quase, pelo não crescimento da economia em 2019: o presidente Jair Bolsonaro. De novo? Também nisso? Sim, pelo que se diz por aí. É curioso. Bolsonaro, a não ser pela responsabilidade geral que carrega como chefe do governo, não tem interferência praticamente nenhuma na condução da política econômica seguida desde o ano passado.
Nesse ponto, na verdade, só tem méritos: escolheu e banca todos os dias a melhor equipe econômica que o Brasil já teve desde, pelo menos, o Plano Real. Mas, segundo opiniões de grande porte, a economia só cresceu 1% no ano passado pelas tensões constantes que Bolsonaro criou nos seus confrontos com o mundo político, com a mídia e com mais uma porção de gente.
Bolsonaro pode ser o presidente mais contestado, criador de caso e desastroso do mundo, mas não tem sido fator de instabilidade nenhuma na economia. Os números básicos atestam isso. A inflação, na última medição, ficou em 0,2% ao mês. Os juros estão a 4,25% ao ano, com tendência a cair para 4%. O nível de risco do Brasil, nas avaliações internacionais, caiu para menos de 100 pontos, o mais baixo nos últimos dez anos. O resto do painel de controle é igualmente positivo; os “fundamentos”, como se diz, estão corretos.
O problema que muita pouca gente menciona, e que por isso mesmo faz procurar culpados e soluções nos lugares errados, é que o Brasil vai arrecadar este ano por volta de R$ 3,5 trilhões e não tem dinheiro para comprar um picolé no boteco da esquina. É absolutamente inútil procurar qualquer tipo de saída enquanto a discussão não começar por aí. Um país assim não pode crescer nem com Jesus Cristo e os Doze Apóstolos no governo.
*Este texto representa as opiniões e ideias do autor.
Fonte: Metrópoles