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21/11/2024
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Bolsopetismo: Arthur Lira tenta blindar Jair Bolsonaro com projeto do PT

Apesar de publicamente estarem em lados opostos, nos bastidores petistas e bolsonaristas endossam pautas que perenizam a corrupção.

Em Brasília, costuma-se separar o on the record do off como forma de se distinguir o que de fato é realidade do que é apenas uma ‘aparência de realidade’. Por isso, quando um parlamentar elogia um líder em ‘on’, tenha certeza de que esse elogio não é tão sincero assim; assim como, as críticas em ‘off’ tendem a ser mais autênticas. É velha tática de se dizer o que se quer, sem constranger o ‘coleguinha’.

Pois, bem, esse preâmbulo se faz necessário porque nesta quarta-feira a Câmara viveu dois momentos que exemplificam, perfeitamente, essa diferença de posturas em ‘on’ e em ‘off’. Em ‘on’, petistas e bolsonaristas se engalfinham nos corredores; em ‘off’, andam juntos em determinadas pautas de interesses coletivos, embora nada republicanos.

Pela tarde, em ‘on’, bolsonaristas e petistas trocaram insultos e tapas nos corredores da Câmara após André Janones (Avante/MG) ter se livrado do Conselho de Ética, acusado de quebra de decoro por ter sido flagrado em um suposto esquema de rachadinha parlamentar.

Afinal de contas, era uma sessão pública, transmitida ao vivo pelas redes sociais. Pela noite, porém, nem aliados de Bolsonaro, nem os puxa-sacos de Lula falaram absolutamente nada sobre a iniciativa de Arthur Lira (PP/AL) de desenterrar uma proposta de 2016 que esvazia o instituto da delação premiada no país.

Sabe por qual motivo petistas e bolsonaristas não falaram absolutamente nada sobre o texto? Deixo a resposta ao senhor (a), caro leitor (a).

A proposta zumbi é de um petista, o atual Secretário de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Wadih Damous. O único petista mantido em cargo estratégico na pasta após a saída de Flávio Dino, por pedido do próprio Lula.

No texto, Wadih Damous proíbe a delação premiada de pessoa presa e ainda criminaliza quem divulgar o teor do material. Em um mesmo PL, o excelentíssimo parlamentar esvazia o instituto da colaboração e ainda coloca uma mordaça em jornalistas e na sociedade como um todo. Afinal de contas, como a sociedade poderá criticar políticos, empresários e criminosos que foram alvo das delações caso elas sejam mantidas em absoluto segredo?

Caso o texto seja aprovado, abre-se uma brecha perigosíssima e o STF terá o instrumento perfeito para anular várias delações premiadas firmadas no âmbito da operação Lava Jato. É consolidação da impunidade delitiva no Brasil. De quebra, a proposta ainda teria o condão de esvaziar as colaborações premiadas do tenente-coronel Mauro Cid, que resolveu delatar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu entorno justamente quando cumpria prisão preventiva determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Arthur Lira colocou essa matéria em pauta de olho em sua sucessão na Câmara. Querendo emplacar a qualquer custo o amigo Elmar Nascimento (União/BA), Lira tem feito acenos aos dois lados. Afinal de contas, ele precisa dos votos vermelhos e dos votos patrióticos. E essa pauta, em específico, é colírio para os olhos tanto de petistas quanto de bolsonaristas. É mais fácil apagar a história que sofrer as consequências de determinados erros no percurso da vida.

E assim segue o Brasil. Em ‘on’, petistas e bolsonaristas proclamam seus extremos para a sua claque e vão as vias de fato; em ‘off’, caminham juntos para perenizar o círculo vicioso da corrupção brasileira. É a história sendo reescrita em um grande acordão, com o STF e com tudo. Nunca essas palavras de Romero Jucá fizeram tanto sentido.

Fonte: O Antagonista

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