WASHINGTON (Reuters) – Em seu primeiro discurso público na visita aos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro repetiu a fórmula que agora os EUA têm um presidente “amigo” no Brasil, defendeu muitas parcerias e, apesar de falar a uma plateia de empresários, discorreu sobre o conservadorismo no Brasil e se disse contra o politicamente correto e a ideologia de gênero.
“Nas últimas décadas a tradição do Brasil, desculpem a sinceridade, foi de eleger presidentes de mãos dadas com a corrupção e inimigos dos Estados Unidos. Hoje vocês têm um presidente amigo dos Estados Unidos, que admira esse país maravilhoso e que quer sim aprofundar as parcerias, não apenas as militares mas as mais variadas áreas”, disse Bolsonaro em um painel na Câmara de Comércio dos Estados Unidos.
Mais de uma vez, o presidente enfatizou que o “Brasil mudou” e a relação agora será diferente.
“Estamos prontos para ouvi-los de modo a chegar a um bom entendimento, de modo que as políticas adotadas por nós tragam paz e prosperidade para o Brasil e para os Estados Unidos”, prometeu. “Estou aqui estendendo às minhas mãos e tenho certeza que o (presidente dos EUA, Donald) Trump fará o mesmo. Queremos um Brasil Grande, assim como vocês querem uma América Grande.”
“O povo americano e os Estados Unidos sempre foram inspiradores em grande parte das decisões que eu tomei e essa vinda aqui hoje e amanhã com Trump com toda a certeza que estaremos materializando. O Brasil tem muito a oferecer, gostaria de fazer muitas parceiras, muito mais que assinar agora o Centro de Lançamento de Alcântara, mineralogia, agricultura, biodiversidade, gostaria de termos muita parceira desse Estado que admiro”, afirmou.
Bolsonaro não deixou de lado a questão de costumes, e fez questão de frisar que o povo brasileiro é “conservador e temente a Deus”.
“Alavancaremos não só nossa economia, bem como os valores que, ao longo dos últimos anos, foram deixados para trás. Acreditamos em Deus, somos contra o politicamente correto, não queremos a ideologia de gênero. Queremos um mundo de paz e liberdade. Precisamos trabalhar duro para que seja alcançado”, afirmou.
Venezuela
Bolsonaro destacou a situação na Venezuela como uma das ações de cooperação entre Brasil e Estados Unidos. O presidente destacou que “temos de resolver a questão da nossa Venezuela” numa referência à crise por que passa o país do presidente Nicolás Maduro. E sugeriu uma atuação conjunta entre os dois países.
“Temos alguns assuntos que estamos trabalhando em conjunto, reconhecendo a capacidade econômica, bélica, entre outras, dos Estados Unidos. Temos que resolver a questão da nossa Venezuela”, defendeu. “A Venezuela não pode continuar da maneira que se encontra, aquele povo tem que ser libertado e contamos obviamente com o apoio norte-americano para que esse objetivo seja alcançado.”
Este foi o único compromisso público do presidente na terça-feira. Pela manhã, Bolsonaro visitou a Cia, agência de inteligência norte-americana, em uma agenda que só foi revelada pela indiscrição de seu filho Eduardo no Twitter. Até ali, a assessoria do presidente afirmava que ele tinha apenas uma agenda privada.
Segundo o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, Bolsonaro visitou a CIA para “confirmar a importância que ele dá ao combate ao crime organizado e estabelecer uma integração na atividade de inteligência”.
Depois dessa agenda, o presidente “fugiu” mais uma vez. Acompanhado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, foi passear por duas horas por Washington, mas não foi revelado para onde foi.
Fonte: Agência Reuters