Por Luciana Lima
Candidatura do alagoano ainda não é oficial e enfrenta resistência de setores da oposição e da base governista
Quarta maior bancada no Senado Federal, com seis integrantes a partir de 2018 (7,4% do total), e enfrentando a rejeição de outras legendas que querem protagonizar a oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), o Partido dos Trabalhadores (PT) tende a apoiar a candidatura de Renan Calheiros (MDB/AL) à presidência da Casa, na eleição que ocorrerá no próximo dia 2 de fevereiro.
Sem candidato na disputa, o apoio formal do PT ainda não foi lançado e será alvo de discussão entre os petistas em reunião marcada para o próximo dia 29. No entanto, integrantes da legenda sinalizam que devem caminhar com o MDB, caso o alagoano seja o nome confirmado pelo partido com a maior número de senadores na próxima legislatura.
Entre os argumentos para o apoio, está o respeito ao princípio da proporcionalidade, que garante à maior bancada o comando dos trabalhos. As características do emedebista também são citadas por integrantes do PT como essenciais para assumir o posto mais alto do Senado. “Vamos apoiar um perfil que tenha independência, tanto do Executivo quanto do Judiciário”, disse o senador Humberto Costa (PT/PE).
“Renan reúne essas características, assim como outros nomes, mas vamos sentar no dia 29 de janeiro para iniciar o debate sobre este assunto. Por enquanto, não temos posição fechada. Até lá, as candidaturas já estarão mais consolidadas. Só após esta reunião é que vamos fechar uma posição”, disse o senador petista.
A fama de “independente do Judiciário” de Renan vem de 2016, quando ele peitou uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello que o afastava do cargo. Em um enfrentamento inédito no Legislativo, Renan conseguiu permanecer no comando do Senado, alegando independência entre os Poderes. Em julgamento posterior, o emedebista foi afastado da linha sucessória, mas obteve voto de seis ministros contra a liminar de Marco Aurélio Mello.
Já a simpatia do PT por ele é decorrente de sua postura contra caciques do MDB que articularam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a consequente ascensão do ex-presidente Michel Temer ao cargo. Renan também foi um dos principais cabos eleitorais do PT na corrida presidencial do ano passado, auxiliando na vitória do candidato Fernando Haddad em Alagoas.
O senador do MDB que tenta seu quinto mandato na condução do Senado Federal ainda é ativo defensor nas redes sociais da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (na foto abaixo, os dois políticos juntos).
Indefinições
Embora o apoio do PT ao emedebista seja uma tendência que ainda não está concretizada na legenda, alguns fatores precisam ser definidos no tabuleiro do Senado. Primeiro, Renan Calheiros precisa se oficializar como candidato, o que é bastante provável na disputa interna no MDB, mas que ainda enfrenta movimentações paralelas em torno do nome da senadora Simone Tebet (MDB/MS), mais palatável às legendas alinhadas a Bolsonaro.
Experiente, Renan não diz ser candidato e deve esticar o anúncio de seu nome até as vésperas da posse. A senadora, que é líder da bancada, por sua vez, tem estimulado a realização de uma reunião do partido para o final do mês, a fim de definir quem será o candidato do MDB à presidência da Casa.
Enquanto isso, a possibilidade de uma candidatura avulsa do MDB recebe elogios até de nomes mais alinhados ao Planalto que já se colocaram na disputa, como do Major Olímpio (PSL/SP). Ele classificou o debate em torno do nome da senadora como “mais maduro” e que poderia evoluir para uma “candidatura única”.
O poder agregador da senadora também foi elogiado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB/CE), que também tem se colocado na corrida pelo comando do Senado, mas que já prometeu abrir mão de sua candidatura caso o MDB opte pela senadora do Mato Grosso do Sul. Enquanto Simone Tebet conta com mobilizações externas ao MDB para viabilizar sua candidatura, Renan conta com a ascendência sobre o partido.
Fonte: Metrópoles