O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse na quinta-feira, 5, que a opinião do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), terá peso na definição dos rumos do partido em 2026. Nunes já declarou, em entrevista ao Estadão, que trabalhará para deixar o MDB fora do palanque do presidente Lula (PT).
“A palavra do Ricardo Nunes é uma palavra fundamental hoje. Ele foi robustamente eleito aqui na capital de São Paulo, a maior capital do País. Portanto, a palavra dele vai ser levada muito em consideração”, disse Temer em entrevista à Rádio Eldorado.
Michel Temer (MDB) destacou, porém, que a decisão sobre a posição do MDB no xadrez eleitoral de 2026 será tomada coletivamente, junto ao presidente nacional do partido, Baleia Rossi (SP), a direção executiva e as lideranças eleitas, especialmente nas capitais.
“A palavra do Ricardo Nunes é uma palavra importante e terá peso nessa discussão, mas a decisão será coletiva.” Temer evitou se posicionar sobre o futuro da legenda e garantiu que acompanhará a decisão partidária.
Na entrevista, Michel Temer também defendeu o ministro Alexandre de Moraes, indicado por ele ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ex-presidente, Moraes é um “aplicador rigoroso do texto constitucional e do sistema normativo”.
Sobre as críticas por ele julgar inquéritos em que é apontado como vítima, Temer citou um argumento jurídico segundo o qual a agressão não seria contra Moraes como pessoa física, mas contra o sistema democrático.
Na entrevista, Temer também defendeu o ministro Alexandre de Moraes, indicado por ele ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ex-presidente, Moraes é um “aplicador rigoroso do texto constitucional e do sistema normativo”.
Sobre as críticas por ele julgar inquéritos em que é apontado como vítima, Temer citou um argumento jurídico segundo o qual a agressão não seria contra Moraes como pessoa física, mas contra o sistema democrático.
“Ouvi um argumento que me impressionou muito, porque a história da vítima, num caso desse, é a vítima pessoa física, e, na verdade, a agressão, por meio dele Alexandre de Moraes, foi uma agressão ao sistema democrático”, explicou o ex-presidente.
Segundo Temer, dentro desse raciocínio, Alexandre de Moraes poderia conduzir o inquérito. Temer argumentou que, se considerar a hipótese de Moraes ser tratado como vítima em sua condição de pessoa física, qualquer outro relator que assumisse o caso também poderia ser ameaçado e, consequentemente, se tornaria vítima, o que criaria um impasse sobre quem poderia conduzir o julgamento.
Questionado se vê excessos na atuação de Moraes nas investigações que envolvem o ex-presidente, Temer negou e lembrou que as decisões do ministro foram referendadas pelos demais ministros da Corte.
Michel Temer evitou cravar se acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está envolvido numa trama golpista e ressaltou que o indiciamento da Polícia Federal aponta “indícios” da existência de crime, e não ainda uma condenação.
Na sua avaliação, “tudo indica” que “as pessoas se reuniram pensando em uma eventual derrubada do sistema democrático”, mas destacou que a democracia no Brasil está tão “consolidada no País, que, por mais que se faça movimento, não se consegue derrubá-la”. Ainda para Temer, um golpe de Estado só seria possível com a participação das Forças Armadas. “Fora daí, fica difícil.”
“Agora, se me perguntarem: foi bom que se detectasse isso e que se denunciasse publicamente? Foi, porque toda vez que você quer agredir o Estado democrático, você está violando o texto constitucional, e a violação do texto constitucional, no Brasil, é crime”, concluiu Temer.
Em defesa de Guilherme Derrite
Secretário de Segurança Pública de São Paulo em duas ocasiões, incluindo o período após o massacre do Carandiru, Temer saiu em defesa do atual titular da pasta, Guilherme Derrite (PP), que enfrenta críticas após recentes casos de violência policial no Estado. Para o ex-presidente, Derrite não pode ser responsabilizado pelas ações de “dois, três ou quatro” policiais.
“O que você não pode é deixar passar em branco, porque é intolerável isso que foi feito. Intolerável é uma coisa que certa e seguramente a polícia militar, e o próprio secretário já disse isso, vai tomar todas as providências”, afirmou, acrescentando que não acha “justo” que a culpa recaia sobre Derrite e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Fonte: Estadão