25.5 C
Brasília
23/04/2024
InícioNotíciasDestaquesPaíses do Golfo preferem Donald Trump, mas se preparam para Biden

Países do Golfo preferem Donald Trump, mas se preparam para Biden

Por Mohamad Ali Harissi

Com uma dança tradicional e uma espada na mão, Donald Trump marcou em sua primeira visita ao exterior – à Arábia Saudita, em 2017 – a forte aliança que seu governo teria com as monarquias árabes do Golfo ante o Irã.

Mais de três anos depois, os governantes destes países continuam apoiando seu imprevisível aliado de Washington, que disputa um segundo mandato que, a princípio, consolidaria o isolamento do Irã e impulsionaria Israel como um potencial sócio regional.

Os laços estreitos que o empresário republicano possui com os líderes do Golfo contrastam com as relações, bem mais frias, de seu antecessor, Barack Obama. O acordo sobre o programa nuclear iraniano, defendido pelo democrata, provocou forte consternação na Arábia Saudita – grande rival de Teerã – e em alguns países vizinhos.

“A histórica visita de maio de 2017 (a Riad) marcou o início de uma relação excepcional com um presidente americano e abriu muitas portas”, disse à AFP uma autoridade do Golfo, que pediu anonimato.

“Os dirigentes daqui gostariam, com certeza, que as portas continuassem abertas, mas não são cegos e estão-se preparando para outro cenário”, a vitória do democrata Joe Biden, completa.

Como um herói

Donald Trump foi recebido como um herói em Riade, onde foi condecorado com a maior honraria saudita, atacou o Irã e não pronunciou uma palavra sobre a situação dos direitos humanos no reino.

Sua estratégia não convencional e impulsiva transformou o panorama regional.

Ele retirou Washington do acordo sobre o programa nuclear com Teerã assinado em 2015, ordenou o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani no Iraque, transferiu a embaixada americana em Israel para Jerusalém e decidiu reduzir a presença militar americana na região.

Ele delegou a questão do Oriente Médio a seu genro, Jared Kushner, um novato na diplomacia que estabeleceu relações pessoais com os governantes do Golfo, incluindo o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, conhecido como MBS.

Depois do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em outubro de 2018 – MBS foi acusado de ter ordenado o crime -, a Casa Branca bloqueou as resoluções antissauditas do Congresso que abordavam a questão.

“Eu o salvei”, declarou Trump a respeito do príncipe herdeiro.

“Ele tem atuado para que as relações entre os Estados Unidos e os países do Golfo sejam baseadas mais nos laços pessoais […] do que em instituições”, explica Randa Slim, diretora do departamento de resoluções de conflitos no Middle East Institute de Washington.

“Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos compartilham a sensação de que a administração Obama abandonou seus aliados tradicionais do Golfo”, recordou Elham Fakhro, especialista em Golfo do International Crisis Group.

“A Arábia Saudita melhorou consideravelmente as relações com a administração Trump, em parte graças à decisão desta última de impor a campanha de pressão máxima sobre o Irã e seu setor petroleiro”, destaca.

Sua Alteza Xeque Mohamed bin Rashed Al Maktoum, Vice-Presidente, Primeiro-Ministro dos EAU e Governante de Dubai

“Dança difícil”

Além disso, Trump marcou pontos importantes ao mediar os acordos de normalização entre Emirados e Israel e entre Bahrein e Israel, assinados em 15 de setembro na Casa Branca.

Os acordos, que deram a Israel um ponto de apoio sem precedentes no Golfo, foram considerados pelos analistas como um apoio a Trump para um segundo mandato.

Riade e Abu Dhabi estão preocupados com a possível “retirada de sanções contra o Irã”, que poderia acontecer em caso de vitória dos democratas, segundo Fakhro.

Além disso, o presidente Trump está “mais disposto a que as vendas de armas para estes Estados aconteçam de maneira mais rápida”, e é pouco provável que uma administração Joe Biden faça o mesmo, opina.

O Golfo se prepara, no entanto, para um eventual retorno dos democratas ao poder, que poderiam levar o Irã de volta à mesa de negociações e adotar uma retórica mais voluntarista sobre os direitos humanos.

Randa Slim não descarta que as relações entre Estados Unidos e Arábia Saudita fiquem “profundamente congeladas”, se Biden for o vencedor, e se MBS continuar como príncipe herdeiro, ou virar o rei.

“Isto seria difícil para os sauditas, mas, no fim das contas, devem se adaptar”, declarou James Dorsey, analista em Oriente Médio.

“Será uma dança difícil”, completa.

Fonte: WAM – Emirates News Agency

Redação
Redaçãohttps://bloginformandoedetonando.com.br/
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários. Obrigado por acessar o portal!

Comentários

- PUBLICIDADE -

Últimas Notícias

- PUBLICIDADE -