Profissionais, que atuaram de forma exemplar, serão acompanhados pela Saúde
Militares do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal que participaram das operações de busca em Brumadinho (MG) iniciaram, nesta quinta-feira (11), acompanhamento no ambulatório do Centro de Informações Toxicológicas da Secretaria de Saúde. O monitoramento é para verificar níveis de metais pesados no organismo e identificar possível contaminação.
“A corporação já solicitou os primeiros exames e hoje eles trouxeram para avaliarmos. A partir daí, vamos pedir outros exames toxicológicos, de sangue e de imagem”, disse a médica toxicológica Andrea Amoras, responsável por este monitoramento que irá durar dois anos. “As avaliações serão feitas a cada seis meses, se tudo estiver normal, e em menor tempo, caso tenha alguma intercorrência”, explica.
Única mulher a integrar o grupo de 18 bombeiros do DF que foi para Minas Gerais, a sargento Fabiola Gomes Monteiro está com os exames sem alteração, mas não nega que houve preocupação dela e dos colegas com relação à própria saúde.
“Nós fomos ajudar e não poderíamos nos tornar mais uma vítima. Porém, isso não me impediu de fazer tudo que fosse preciso para cumprir nossa missão. Rastejei em lama, me entreguei mesmo. E, graças a Deus, meus exames estão com tudo certo”, disse ela, que está há sete anos no Corpo de Bombeiros e teve a operação de Brumadinho como a primeira grande atuação a nível nacional.
Segundo Andrea Amoras, os riscos para as mulheres em situações como esta são maiores que para os homens, em razão dos hormônios e por armazenar mais gordura no corpo.
Nesta primeira avaliação, nenhum dos bombeiros consultados apresentou problemas. “Mas a aflição antes de pegar o resultado existe, mesmo sabendo que a exposição não trazia riscos para gente naquele momento”, disse o capitão Ulisses, um dos responsáveis pela equipe do DF.
Durante a consulta, o sargento Felipe Gaspar lembrou que normalmente quem cuida das pessoas acaba não se cuidando. “Uma ação como esta é muito importante porque mostra que alguém está pensando em cuidar de quem cuida”, observa ele, que por apresentar uma irritação leve na garganta, fará exames de imagem para verificar se é por conta de um resfriado ou se tem a ver com a poeira tóxica de Brumadinho.
Ele frisou que a equipe toda se preocupou desde que foi detectada contaminação por metais em alguns bombeiros de Minas Gerais. O governo daquele Estado anunciou, em fevereiro, que três militares haviam sido diagnosticados com excesso de alumínio no sangue.
PSICOLÓGICO – Os 18 militares foram para Brumadinho 10 dias após o rompimento da barragem e lá ficaram por 15 dias seguidos. Outra equipe de cinco militares com dois cães retornaram a MG alguns dias depois, onde ficaram por mais 10 dias.
O sargento Franklin Amorim esteve nos dois momentos e conta que além dos exames físicos, estão sendo acompanhados por um psicólogo do Corpo de Bombeiros. “Foi um trabalho árduo. Mesmo a gente já tendo participado de várias ocorrências grandes, ainda é impactante ver todo aquele maquinário pesado destruído em meio a corpos”, conta.
Para a sargento Fabiola, tudo que ela viu por lá mudou a maneira de ver a vida. “Em toda ocorrência, a gente muda um pouco, pois além do profissional, temos nosso lado humano. Mas Brumadinho me deixou claro que a vida pode acabar em um rápido momento. As cenas que vimos deixou isso claro, como a de uma criança que morreu com o uniforme da escola”, disse.
TRAGÉDIA – A Barragem da Mina Córrego do Feijão rompeu em 25 de janeiro, atingindo a cidade de Brumadinho. Até esta quinta-feira (11), 395 corpos foram localizados, 225 já identificados e 68 ainda estão desaparecidos. As buscas continuam, com 130 bombeiros em serviço, nenhum do Distrito Federal.
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Fonte: IGESDF – Assessoria de Comunicação da Secretaria de Saúde / (61) 2017 1111