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Disputa pelas Administrações Regionais do DF começa nas redes sociais

Por Caio Barbieri & Isadora Teixeira

Ibaneis quer participação popular na escolha dos gestores, mas não definiu regras. Ainda assim, já há mobilização no Facebook e no WhatsApp

Um dos temas mais cobrados durante o mandato de Rodrigo Rollemberg (PSB), a participação popular na escolha dos administradores regionais entra na pauta da próxima gestão como prioridade, segundo o próprio governador do Distrito Federal eleito, Ibaneis Rocha (MDB), tem repetido em entrevistas.

A sinalização do futuro chefe do Executivo local causou alvoroço entre lideranças comunitárias que tentam se cacifar com a população. Antes mesmo de a futura gestão definir as regras para a seleção, começaram as campanhas nas redes sociais.

Mais sobre o assunto:

Com a promessa de uma estrutura mais turbinada, as administrações regionais (ARs) são consideradas vitrines, ainda mais para quem deseja ingressar na vida pública com o respaldo da comunidade regional. Nomes conhecidos da política brasiliense começaram a carreira pública como administradores regionais.

O deputado federal Rogério Rosso (PSD) ocupou a principal cadeira da Administração de Ceilândia, entre 2004 e 2006. Maior colégio eleitoral do DF, a cidade projetou Rosso, que passou a ser conhecido da população.

De olho nessa perspectiva, pré-candidatos às principais cadeiras das cidades se antecipam em campanha junto à população para tentar o esperado trampolim profissional. O primeiro sinal foi a criação de enquetes nas redes sociais, como Facebook e WhatsApp, sobre “quem você acha que deveria ser administrador regional?”.

O termômetro revela uma possível disputa acirrada entre as lideranças comunitárias. Outros decidiram oficializar, de forma antecipada, a decisão de concorrer ao pleito, mesmo sem saber exatamente como será o processo.

Candidato derrotado à Câmara Legislativa pelo PRP, Winston Lima foi um dos primeiros a lançar o próprio nome para ocupar uma cadeira nas administrações regionais do Distrito Federal na gestão que se inicia no dia 1º de janeiro. Ele coloca-se como “indicado” para o cargo, embora o próprio governador eleito diga que não há definição alguma.

ADMINISTRADOR DE ÁGUAS CLARASPrezados(as) Amigos(as)! Sou Winston, militar da reserva, morador de Águas Claras e o…

Publicado por Winston Lima em Segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Aliado do candidato derrotado ao Palácio do Buriti Paulo Chagas (PRP), Lima refere-se à pesquisa criada por moradores da sua cidade para a escolha do próximo gestor regional.

“O futuro governador Ibaneis intenciona fazer lista tríplice para escolha dos administradores das ARs. Com isso, a luta para a vaga de cada região é intensa. Águas Claras tem um grande peso em suas escolhas políticas. Temos que buscar nomes relevantes para administrar a cidade, de pessoas que busquem o bem comum da comunidade e militem nos mais diversos segmentos”, sugere o texto da enquete.

Em outras postagens no Facebook, começaram a circular pesquisas perguntando aos internautas quem, na opinião deles, deveria chefiar os órgãos regionais. Além de Águas Claras, enquetes do tipo foram publicadas em grupos de moradores de São Sebastião, Planaltina (foto em destaque) e Gama.

O que diz o futuro governador

Ante a inflamação dos ânimos entre as lideranças comunitárias, o futuro governador disse que não é hora de se fazer campanha. Até porque, afirmou, o processo de como será a escolha ainda está em fase de definição.

“Vamos abrir as inscrições para quem pretende o cargo e ainda estabeleceremos os critérios para a eleição desses administradores. A população vai votar em qual tem o melhor perfil para a função. Vamos fazer isso em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral, garantindo o voto secreto”, disse Ibaneis.

Segundo o emedebista, a ideia é que se chegue a uma lista tríplice. Dessa relação, o governador eleito vai definir um nome. “Aquele que se encaixar no melhor perfil exigido pela sociedade será escolhido”, afirmou ao Metrópoles.

Apesar da intenção, integrantes da equipe de Ibaneis Rocha defendem que o processo seja muito bem costurado. “A ideia é válida, mas precisa ser bem executada. Hoje, o que mais recebemos é cidadão que se diz pronto para a missão. Isso é complicado, porque é muito subjetivo. A escolha precisa ser técnica”, apontou um aliado do governador eleito que preferiu o anonimato.

Toma lá, dá cá

A movimentação política da escolha dos administradores costuma respingar, principalmente, nos deputados distritais. Com força regionalizada, em especial nos redutos eleitorais, os mandatários passaram a ser cortejados pelos possíveis postulantes, com o objetivo de darem respaldo aos nomes para a disputa. Os parlamentares tentam emplacar aliados e, em contrapartida, facilitam a vida do governador na Câmara Legislativa: o famoso toma lá, dá cá.

Durante a campanha, Ibaneis disse que aboliria a tradicional prática dos governantes brasilienses. Resta saber se, com a participação popular na escolha dos administradores regionais, essa realidade será de fato mudada – até porque é provável que haja um “inchaço” nas ARs.

O emedebista diz que pretende “potencializar” o papel das administrações regionais, esvaziando os cargos de confiança das secretarias de Estado para direcionar grande parte deles para a estrutura das ARs.

O objetivo da medida, segundo ele, é melhorar o atendimento à população, com a criação regionalizada de núcleos do Na Hora, projeto atual do governo de atendimento ao cidadão com serviços primordiais. Hoje, as ARs dependem não apenas financeiramente do Palácio do Buriti, mas também politicamente.

“O governo vai ter foco na prestação de bons serviços para o cidadão, e para isso é preciso descentralizar. Vamos fazer um amplo realocamento de servidores para empoderar as administrações regionais, que terão de dar respostas imediatas à comunidade. Quero o governo próximo do cidadão, prestando serviços de qualidade” – Ibaneis Rocha, governador eleito

Regras claras

Para o mestre em comunicação política e governança pela George Washington University (EUA) Aurélio Maduro, a sinalização do governador pode ser considerada positiva, visto que o brasileiro, na visão do professor, vota muito pouco em relação a outras nações.

“O que vai legitimar a escolha é como será o modelo. Temos experiências: as acadêmicas, por exemplo, que têm oferecido resultados claros, como a votação para a escolha de reitores de universidades. O voto é um exercício contínuo. Qualquer forma de incluir o cidadão é válida. Quanto mais você coloca o cidadão para participar do processo, mais se fortalece o papel da democracia”, disse.

O consultor político reconhece que, embora a iniciativa seja positiva, a modalidade adotada será determinante para o sucesso do projeto. “A depender do critério para a escolha, o processo pode começar contaminado. As regras precisam ser claras e transparentes, de forma a manter a equidade na disputa e realmente dar chance de que um nome defendido pela população seja realmente escolhido”, explicou.

Projeto aprovado e vetado

Em dezembro de 2017, os deputados distritais chegaram aprovar projeto de lei (PL) que prevê eleições para administradores regionais. A participação popular no processo de escolha seria um instrumento para evitar o esquema usual de troca de cargos nos órgãos para barganha política. Essa era uma promessa de campanha de Rollemberg, mas o PL nº 915/2016, que teve o aval dos parlamentares, era de autoria do deputado Chico Vigilante (PT).

O texto estabelece que qualquer cidadão inscrito em seção eleitoral da região administrativa respectiva poderá participar do pleito. “Com a participação popular na escolha dos administradores, acredito que terá fim uma das práticas mais antigas existentes no Distrito Federal, que é o loteamento”, afirmou.

No entanto, Rollemberg vetou o projeto de lei, e a canetada foi mantida pela Câmara Legislativa: em abril, a base do governador evitou a derrubada do veto em plenário. E o assunto ficou engavetado na Casa.

Fonte: Metrópoles

Redação
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