Por J.R Guzzo / jr.guzzo@metropoles.com
O Brasil, como sempre, será o último país a ver isso, depois de destruir ao máximo o seu próprio futuro
Amoral humana foi arbitrariamente dividida, logo após a eclosão do coronavírus no Brasil, em duas vertentes. Na vertente do bem, estão os que defendem o máximo de repressão para evitar o contágio e salvar o país da morte pela peste. Esses são os homens de altíssimo espírito público, coragem extraordinária, dedicação ao ser humano – os bons, enfim. Na vertente do mal, estão os que querem banir a histeria, a desinformação científica e a esperteza política no combate ao vírus. Esses são os irresponsáveis, os totalitários e os psicopatas. Para eles, só Impeachment resolve. De que lado você acha que colocaram o presidente da República? Acertou.
Deve ser uma das primeiras vezes na história em que alguém é condenado por pregar contra o pânico. Até hoje, as recomendações de manter a calma e evitar os atos irracionais, que fazem parte de 100% das instruções utilizadas no mundo inteiro (até em portas de quarto de hotel), em situações de perigo imediato ou potencial, sempre foram tidas como muito lógicas. Mas aqui é o Brasil, o Presidente é Bolsonaro e a atividade de raciocinar é entendida de outras maneiras. Seja como for, começam a aparecer, cada vez mais, vozes dizendo que há um vasto componente de insânia nas estratégias adotadas no mundo até agora para enfrentar o coronavírus. Elas estão tendo o efeito prático de destruir o mundo antes que se destrua o vírus.
O pensador americano Thomas Friedman, um dos astros mais reputados do New York Times, que por sua vez se considera o farol da humanidade moderna, está dizendo claramente que isso tudo é um piro. O economista Milton Friedman, que serve de guia para tantas mentes liberais, vai ao mesmo caminho. Infectologistas – inclusive brasileiros – com uma folha imensa de serviços prestados à ciência mundial – apelam ao exercício da racionalidade para combater a epidemia.
O Brasil, como sempre, será o último país a ver isso, depois de destruir ao máximo o seu próprio futuro.
*Este texto representa as opiniões e ideias do autor.
Fonte: Metrópoles