Por Cláudio Ulhoa
Governador quer testar 10% da população e ofertar máscaras à população para retomada das atividades; empresários também terão que garantir segurança aos funcionários e consumidores
A decisão de cumprir com o prazo estabelecido no decreto assinado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), no dia (1) de abril, suspendendo diversas atividades comerciais, e que finda agora no dia (3) de maio, deve ser mantida. Hoje, quando se comemora o aniversário de 60 anos de Brasília, o governador diz que a população do DF tem muito a comemorar, uma vez que as medidas de isolamento social surtiram efeitos às expectativas dos números de casos de covid 19. Ibaneis fez o comentário ontem, ao sair de um encontro com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), com quem se encontrou para tratar de medidas que serão adotadas para garantir a retomada das atividades no próximo mês.
“Já que o Distrito Federal saiu à frente com as medidas, o que nós pretendemos agora, e é uma coisa que ele [o presidente] vem pedindo muito, que se volte à normalidade, à vida das pessoas com maior grau de segurança”, disse o governador.
Ibaneis lembrou que a implantação do isolamento social logo quando surgiu o primeiro caso da doença no DF, possibilitou que o sistema de saúde não fosse sobrecarregado, como era o previsto. Hoje, segundo informações do próprio governador, apenas 7 pessoas estão internadas em leitos públicos devido a covid 19. “Ainda teremos 200 leitos no Mané Garrincha, no hospital de campanha, e uma UPA dentro de um presídio para tratar o grupo de pessoas que estão lá”, argumenta Ibaneis.
Esta semana, de acordo com Ibaneis, houve um aumento de 40% no número de pessoas que fizeram teste de coronavírus forma gratuita. A expectativa do GDF é que até o dia da reabertura, 100 mil pessoas estejam testadas.
Reabertura
De acordo com estudos do GDF, em dias comuns, o movimento nas ruas do DF chega a ter 1,250 milhão de pessoas. Atualmente, com o isolamento social, esse número foi reduzido para 330 mil, mas com a retomada, o governo espera ter de 500 a 600 mil pessoas circulando. Com isso, aumenta a possibilidade de contaminação, mas o governador garante que até lá 10% da população já estará testada.
“O que buscamos foi desacelerar a curva [de contaminação e mortes] para que ela não crescesse muito, colapsando assim o nosso sistema de saúde. Alcançamos isso no DF”, explica Ibaneis ao justificar que a reabertura, desde que seja feita “com responsabilidade”, já poderia acontecer.
O primeiro passo para a reabertura deve acontecer em conjunto com o governo federal, daí um dos motivos da audiência entre Ibaneis e Bolsonaro. É que o presidente, conforme anunciado pelo governador do DF, pretende voltar as atividades escolares nos colégios militares, que são de responsabilidade do governo federal. No DF, segundo Ibaneis, há 10 escolas cívico-militares, que possuem uma população que chega a 25 mil alunos. As escolas estão previstas para serem reabertas já na segunda-feira, (27).
“Vamos estar tanto os alunos quanto os professores e profissionais. Já é uma forma de termos noção de como agirmos no início de junho, quando reabrirmos as escolas”, lembra o governador.
Medidas
O comércio, com exceção de shows, teatros, outros eventos e estabelecimentos que aglomerem pessoas, vão começar a funcionar a partir do dia 3 de maio. Para isso, o governador explica que cada ramo do comercial seguirá medidas de segurança conforme sua natureza. Os shoppings centers, por exemplo, só vão poder funcionar se tiveram dentro das normas que, neste caso, serão constituídas de testagem dos funcionários, medição da temperatura de todos aqueles que entram no shopping, e distribuição de máscaras e álcool em gel, tanto para os funcionários quanto para os clientes.
“Nós vamos trabalhar com muita responsabilidade. A responsabilidade de fechar é minha, mas a de abrir é de todos. Ninguém vai querer ter o seu comércio como vetor desse vírus”, lembra Ibaneis.
Quando perguntado, se ele não teme um aumento do número de casos em razão da reabertura, Ibaneis garante que “da maneira como estamos fazendo aqui dificilmente isso irá acontecer”.
Ele também argumentou que mesmo o poder público agindo de forma preventiva, conforme tem dito explicado os epidemiologistas, a contaminação de uma grande parcela da população será inevitável.
“Nós vamos ter um aumento de casos, o que é natural. Porque como eu disse, todo mundo vai ter esse vírus em algum momento, ou pelo menos 70% da população, é o que indica; o que nós precisamos é que essa aquisição do vírus, essa imunização que o vírus vai trazer à população, ela precisa ser de forma gradual, ela não pode ser toda de uma vez, senão a rede hospitalar não suporta.”
Gestão
Em um determinado momento, Ibaneis comentou sobre as decisões tomadas por seu governo até então. Segundo ele, desde o primeiro decreto tratando de medidas sobre a prevenção ao novo coronavírus, todas as ações foram tomadas com base na sua equipe de infectologista do GDF. Para tanto, o DF seguiu padrões internacionais de prevenção à doença, seguindo casos como o do Japão, Hong-Kong, e Singapura.
Ainda de acordo com Ibaneis, esses padrões continuam a ser seguidos, já que a doença não foi erradica, e sim controlada. Singapura mesmo, conforme explicou o governador, voltou as atividades sem testar e distribuir máscaras à população, medida que não se deve repetir no DF.
O governo acredita que mesmo com a retomada das atividades em maio, dará para se ter um controle da situação, já que a população flutuante do DF caiu bastante em razão do isolamento social adotado em outros estados e países. O aeroporto JK, por exemplo, teve seus voos reduzidos a 5%, segundo Ibaneis.
“Não é porque nós vamos reabrir o comércio que a cidade vai voltar a ter a vida que ela tinha antes, porque não vai ter. É uma cidade, grande parte administrativa, e a administração está parada”, diz Ibaneis.
Fonte Blog do Ulhoa