A região Oeste é constituída por Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol e Brazlândia, que juntas já somam mais de 6 mil casos confirmados de Covid 19; Ceilândia é a região com maior número de casos e mortes pela doença
A saúde pública no Distrito Federal é dividida por regiões. Em se tratando de Covid 19, a região que apresenta o maior número de casos e de mortes pela doença é a região Oeste. Essa região é composta por Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol e Brazlândia. Juntas, até ontem (23), elas tinha 6.300 casos de covid confirmados. Ceilândia, que é a maior cidade do DF, estava com 4721 casos e 100 mortes.
Todos esses dados foram ressaltados em entrevista com a superintendente de Saúde da Região Oeste do DF, Lucilene Florêncio, realizada ontem pelos membros da Associação de Blogueiros de Política do Distrito Federal e Entorno (ABBP). Na entrevista, aconteceu pela internet, Florência destaca que Ceilândia é a cidade que mais preocupa o governo pelo fato de que os números de casos na cidade são crescentes.
A preocupação do governo em primeiro lugar está por causa da baixa infraestrutura do sistema de saúde local. A região Oeste de Saúde tem 38 leitos exclusivos para atendimento de pacientes com Covid 19 no Pronto Atendimento de Ceilândia. Desses, 20 possuem suportes para atendimentos mais graves da doença e 10 são eleitos de UTI. Assim, o Hospital Regional de Ceilândia, está voltado para o atendimento de outras doenças. Além do PA, os pacientes de Covid 19 começarão a ser tratados em hospitais de campanha que estão sendo construídos em na cidade. “Devemos inaugurar o hospital acoplado ao HRC dia 10 de julho”, garante a superintendente. “O cidadão que vem para a gente com Covid 19, ele é um paciente com covid, mas ele tem diabete, hipertensão, obesidade, na verdade, tem que ser uma rede para atendê-lo.”
Deixar o PA de Ceilândia exclusivo para pacientes de Covid 19 tem sido uma solução, segundo Florêncio. Ela explica que outra medida nesse sentido foi de encaminhar os pacientes atendidos pelo Corpo de Bombeiros e o Samu para o Hospital Regional de Taguatinga.
Causas
Ao falar sobre os motivos que levaram a região Oeste, em especial, a região administrativa de Ceilândia, se tornar a primeira no ranking das cidades que maior número de Covid 19, Lucilene Florêncio, explica que além do elevado número populacional (estima que só Ceilândia tenha acima de 500 mil habitantes), a vulnerabilidade social de uma parcela da população, há também os hábitos culturais, que, segundo ela, contribuem para a proliferação do vírus. Por isso, Florêncio sugere que em Ceilândia seja adotada medidas que são adotadas em países cuja aglomeração de pessoas, seja alta.
“A população é muito grande, o número de casos é quase que o dobro do Plano Piloto, é o segundo colocado em número de casos, e a gente precisava ter essa referência aqui até porque a população ficaria sendo cuidada dentro da própria cidade”, diz.
Isso é reflexo, em grande parte, avalia a superintendente, da cultura local que é mais voltado ao convívio social em grupo do que isolado, como acontece geralmente em outras regiões, onde o cotidiano das pessoas seja mais voltado a ficar dentro de casa. “A força da cultura, a união entre as pessoas, ela é muito forte. Ceilândia é um mundo à parte. É uma cidade com comportamento diferente e a gente precisa ver realmente nos grandes adensamentos populacionais do mundo o que foi feito para tentarmos aplicar aqui”, ressalta.
A superintendente destacou também que absolutamente os casos de Covid 19 em Ceilândia são moradores da própria cidade, e não do Sol Nascente/Pôr do Sol e nem de cidades da região do Entorno do DF.
O quê fazer?
Lucilene Florêncio, que é médica, não tem dúvida ao dizer que a experiência que ela está vivenciando de coordenar a maior região de saúde do DF, seja “o maior desafio” de sua vida. “É uma experiência única e eu tenho certeza que nós vamos sair vitoriosos e seres humanos melhores depois dessa pandemia”, afirma a superintendente.
Por isso, ela acredita que os casos de Covid 19 precisam ser enfrentados em apoio conjunto entre poder público e população. O governo precisa atuar dando suporte, como distribuição de máscaras e álcool em gel, fiscalização das medidas de segurança no comércio e aumento de testes para a população; além disso, é preciso também haver uma conscientização das pessoas sobre os riscos das doenças, portanto, passar a evitar os meios de contágios.
“A gente pode fazer o isolamento setorizado, naquela quadra, naquela rua, não precisa a gente paralisar os locais onde o mapa de calor, onde o georreferenciamento ainda não está mostrando que ali está tendo um grande número de casos”, diz Florêncio. E, segundo ela, é justamente desta forma que o governo pretende atuar nos próximos dias. Ou seja, testar e isolar pessoas contaminadas das demais, além de cuidar dos novos casos. Nesse momento, os médicos da Saúde da Família vão ajudar para fazer esse isolamento de possíveis áreas contaminadas.
Fonte: News Black