Prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL).

Arthur Lira (PP/AL) afasta boatos e reforça apoio ao prefeito JHC governando Alagoas

Publicado em: 05/06/2025 00:073,6 Min. de Leitura

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Ex-presidente da Câmara reage à tentativa dos Calheiros de afastá-lo do prefeito.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), reagiu, nesta terça-feira (3), a uma estratégia de aliados do clã dos Calheiros em Alagoas de tentar afastá-lo o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o “JHC” (PL). E reforçou que não abre mão de seu compromisso firmado para eleger JHC como governador de Alagoas.

“O deputado federal Arthur Lira reforça que as forças políticas de oposição estão unidas em torno da candidatura do prefeito JHC ao governo do estado de Alagoas. No que depender do deputado, JHC terá o seu apoio e de todos que querem mudar Alagoas: da classe política avançada, dos setores sociais, produtivos e municipalistas do estado”, destacou a assessoria de Lira.

A posição de Lira rebate falsos rumores que tentam jogá-lo contra o prefeito, usando como mote as chances de o presidente Lula (PT) escolher a procuradora de Justiça alagoana, Marluce Caldas, para a vaga de ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

E reitera seu compromisso com JHC, que Lira considera inquebrantável por ampliar suas chances de ser eleito senador e eleger o prefeito ao governo de Alagoas. O que derrotaria o poderio político dos senadores alagoanos do MDB, Renan Calheiros (que tentará reeleição em 2026), e Renan Filho (Ministro dos Transportes de Lula que pode até disputar o governo para evitar a vitória de JHC).

Lula e o prefeito JHC colheram frutos da articulação de Arthur Lira e seu pai Benedito de Lira pela habitação popular em Maceió.

Lula e o prefeito JHC colheram frutos da articulação de Arthur Lira e seu pai Benedito de Lira pela habitação popular em Maceió.

Maceió bolsonarista e o STJ

O deputado aliado do prefeito tem sido acusado de atuar contra a indicação da tia de JHC. Mas o governador Paulo Dantas (MDB) revelou, hoje, que são antigos os intentos contra Marluce Caldas plantados pela base política de seus padrinhos emedebistas, os senadores Renan Calheiros e Renan Filho, ao confessar ter alertado Lula para impedir a ascensão da procuradora ao STJ, desde abril.

“Indicar Marluce Caldas é dar um presente para o bolsonarismo”, foi o que Dantas admitiu ter alertado a Lula, há quase dois meses. A referência vai além do fato de JHC ser do PL, e remete ao fato de Maceió ser a única capital do Nordeste a derrotar Lula nas eleições presidenciais de 2022, quando o petista teve 42,82% e Jair Bolsonaro 57,18%. A revelação da pressão do maior afilhado dos Calheiros em Alagoas foi feita à colunista Malu Gaspar, de O GLOBO.

Enquanto Lula era pressionado pelo emissário dos Calheiros contra o STJ ter uma ministra alagoana, JHC e a imprensa foram bombardeados com acusações de que Lira até havia chantageado Lula contra a indicação de Marluce Caldas. O boato sugeria até que o deputado teria usado como trunfo a relatoria do projeto que busca isentar de Imposto de Renda as pessoas físicas que com rendimento de até R$ 5 mil mensais.

Discrição ajuda

Na verdade, a posição de neutralidade de Lira mais ajuda do que atrapalha as chances de ascensão da tia de JHC ao STJ. Porque ainda é viva na memória do eleitor que o ex-presidente da Câmara dos Deputados pediu votos contra a volta de Lula ao governo do Brasil, em 2022.

Além disso, não seria interessante para Lira atuar contra o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que defende a indicação de Sammy Barbosa Lopes, do Ministério Público do Acre (MPAC). Muito menos com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que apoia Carlos Frederico Santos, do Ministério Público Federal (MPF).

O STJ aguarda a decisão de Lula há sete meses. E o fato de o presidente da República se prestar a ouvir alerta de governador sobre uma ministra ser tia de um adversário eleitoral demonstra a gravidade do momento político de Lula. O que se espera da cúpula do poder nacional não é levar em conta uma disputa paroquial no segundo menor estado do País. Mas uma decisão republicana que fortaleça um tribunal da importância do STJ para o Brasil.

Fonte: Diário do Poder