Reunião, ontem segunda, 23, promovida pela Comissão do Esporte, contou com relatos de experiências transformadoras graças às ações do FJU. Deputado Julio Cesar Ribeiro com o coordenador do FJU no DF, Lucas Pinheiro. O coordenador nacional do grupo, bispo Celso Junior, participou da reunião de forma remota
“A atuação socioesportiva do Força Jovem Universal” foi o tema da audiência pública realizada pela Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira, 23. A reunião atendeu a requerimento do primeiro vice-presidente do colegiado, deputado federal Julio Cesar Ribeiro (Republicanos/DF), aprovado pela Cespo na semana passada.
O grupo foi criado pela Igreja Universal do Reino de Deus e, segundo o parlamentar, conta com milhares de voluntários no Brasil e no mundo.
“O esporte é ferramenta poderosa na sociedade porque promove dignidade e mudanças concretas. A prática de exercícios é fundamental em todas as faixas etárias, auxilia na melhora do condicionamento físico e mental e, para os jovens, é um meio para tratar a depressão, a ansiedade e o estresse. Um dos principais objetivos do grupo é alcançar os jovens que se encontram no mundo dos vícios, da criminalidade, que possuem problemas familiares, sem perspectiva de vida, levando-os a encontrar um caminho”, destacou o deputado Julio Cesar na abertura da reunião, acrescentando como ele conheceu as atividades do FJU, nos anos 90:
“Foi na cidade de Franca, São Paulo. Tive contato com o projeto de basquete do grupo. Na época, eu era um jovem triste e depressivo. Mas, foi plantada uma sementinha, e graças aos ensinamentos do Força Jovem Universal hoje estou aqui na Câmara, sou deputado federal, porque lá atrás, quando eu achava que não havia esperança no futuro, as coisas mudaram em minha vida”, afirmou Julio Cesar, que vai propor, por meio de projeto de lei, a instituição do Dia Nacional do Força Jovem Universal, a ser comemorado no calendário do mês de janeiro.
O primeiro orador da audiência foi o coordenador nacional da Força Jovem Universal, bispo Celso Junior. Ele ressaltou que as ações do grupo desenvolvidas na área esportiva com projetos de futebol, vôlei e artes marciais, por exemplo, e na cultura, por meio do teatro e da música visam mostrar para a juventude um olhar diferenciado e positivo da vida.
“Os participantes das modalidades esportivas sonham em seguir carreira e conquistar medalhas. Nosso foco é manter os jovens ocupados com iniciativas boas, que os afastem da ociosidade e da marginalidade. Eles passam a ter a certeza de que o crime não compensa, que é errado, e que há futuro melhor longe de tudo isso. É um trabalho que reflete nas suas famílias, por isso a importância de homenagear os voluntários que integram o grupo, porque eles ajudam quem está sofrendo, dando esperança”, declarou Celso Junior.
A secretária Nacional da Juventude, Emilly Coelho, enfatizou que os jovens precisam do suporte de instituições que esclareçam o significado da palavra ‘liberdade’, que deve estar associada à autonomia e responsabilidade por escolhas e ações.
“Infelizmente vemos muitos jovens sendo motivados por vícios e por libertinagem. Por isso, nós apoiamos as iniciativas que os capacitem e os reintegrem à sociedade de forma livre, responsável e autônoma, e o Força Jovem Universal exerce papel fundamental com ações concretas e resultados positivos”, destacou Emilly, acrescentando o caráter religioso do grupo:
“O suicídio é a segunda causa da morte de jovens no mundo. Muitos não enxergam o propósito de sua existência, e adotam comportamentos autodestrutivos, como a autoflagelação, até chegar ao ponto de tirar a própria vida. O FJU e outros grupos atuam nessa demanda, e são imprescindíveis para resgatar essas pessoas desesperançadas, cuidando delas com a abordagem religiosa”, disse a secretária.
O deputado distrital Martins Machado (Republicanos/DF) pontuou o aumento da porcentagem de jovens com ansiedade e depressão no período de pandemia da COVID 19 de 12,9% para 25,2% no mundo fatores que costumam estar associados a casos de suicídio. Segundo ele, o Força Jovem Universal atua diretamente em demandas de instabilidade emocional por meio do projeto Help (ajuda em inglês).
“É importante deixar os jovens preparados para os desafios da vida, e o grupo consegue fazer isso porque à medida que os participantes se envolvem nas atividades esportivas ou culturais, ansiedade, depressão e pensamentos suicidas tem cada vez menos influência no comportamento deles”, afirmou Martins Machado.
A deputada federal Rosângela Gomes (Republicanos/RJ) deu um depoimento emocionante na audiência pública. Ela contou como conheceu o grupo, aos 14 anos de idade, em sua cidade natal Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, e como, na época, era desencorajada a acreditar num futuro melhor para si por ser mulher, negra, pobre, e filha de pais viciados em bebida alcoólica.
“A minha vida era destruída e o Força Jovem Universal me acolheu, me ajudou a superar as diferenças, a sair da depressão e da invisibilidade, a ter perspectivas na vida. Eu aprendi a respeitar e ser respeitada. O grupo merece todo o nosso reconhecimento pelo trabalho de décadas realizado com muito amor, carinho e dedicação àqueles que estão cansados e sem forças para lutar. Os nossos jovens estão morrendo no país por brigas na rua, por envolvimento com o tráfico, não buscam a escola porque acham que não vale a pena, e isso não pode continuar”, afirmou a deputada, acrescentando que, na Câmara, os parlamentares tem trabalhado em projetos visando garantir, na legislação, a qualificação profissional e o primeiro emprego aos jovens, por exemplo.
O deputado federal Vavá Martins (Republicanos/PA) pontuou que o Força Jovem Universal funciona como um ‘braço’ do Estado brasileiro, atuando onde o estado não consegue alcançar, se referindo à população mais pobre e vulnerável que reside em áreas dominadas pela criminalidade. Para ele, um grande expoente do FJU é o trabalho de ressocialização dos jovens. Por fim, o coordenador do grupo no DF, Lucas Pinheiro, contou sua experiência e como o FJU transformou sua vida. Filho de pai alcoólatra, ele disse que tentou cometer suicídio três vezes.
“Estamos felizes por dar esse suporte aos jovens, seja pelo esporte ou pela cultura. São muitos os talentos que despertam em nossos projetos, motivos de orgulho para todos nós”, concluiu.
No Brasil, são cerca de 200 mil jovens que desenvolvem atividades no esporte e na cultura do Força Jovem Universal, mobilizando milhares de pessoas e realizando eventos, como torneios esportivos e espetáculos musicais.
Sobre o dado citado pelo deputado distrital Martins Machado, trata-se do resultado de um estudo global feito por pesquisadores canadenses, que detectou que as taxas de prevalência de ansiedade e depressão entre jovens (com 18 anos ou menos) dobraram durante a pandemia. Foram analisados dados disponíveis em 29 estudos feitos em diversos países, incluindo 80,8 mil pessoas com 18 anos ou menos.
Fonte: Câmara dos Deputados