Por Toni Duarte
Nem Celina Leão e nem Joe Vale, como presidentes do Poder Legislativo do Distrito Federal, conseguiram aprovar a proposta de reeleição para a presidência da Câmara. Já o deputado distrital Rafael Prudente, atual presidente da CLDF, em menos de 11 meses, fez aprovar com os votos da maioria dos distritais o instituto da reeleição.
A terça-feira 27 de novembro de 2019 (ontem), se tornou o marco de entrada do deputado Rafael Prudente para o seleto grupo dos maiores articuladores políticos do Distrito Federal.
Quem disse que o filho do ex-presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, não tinha luz própria se enganou. Para refrescar a memória dos incrédulos, no segundo mandato de deputado distrital, Rafael Prudente se tornou presidente do legislativo local em janeiro deste ano.
Em seguida, para abater uma crise interna do MDB-DF, o jovem parlamentar, com o apoio do governador Ibaneis Rocha, apaziguou os ânimos e tornou-se presidente da legenda no DF.
Agora, de forma muito pragmática, desenterrou um projeto de emenda a Lei Orgânica do Distrito Federal de 2015 e aprovou com a maioria dos votos dos deputados o instituto da reeleição para a presidência da Câmara. Os três feitos de Rafael, ocorrido nos últimos 11 meses do ano, revela que o parlamentar não é fraco não.
Na marcha que vai, ele pode se tornar o primeiro presidente reeleito do poder legislativo do Distrito Federal em 2021 e quem sabe, lá na frente, se eleger ao posto mais alto da política brasiliense.
Essa percepção tem fundamento: em sua primeira eleição como deputado distrital, em 2014, Prudente teve 17.581 votos, o nono mais votado entre os 24 eleitos. Em 2018, ele foi o quarto mais votado com 26.373 votos.
O jovem parlamentar cresceu nas urnas na última eleição, em relação a primeira, e surpreende a todos com a sua desenvoltura política e pragmatismo no parlamento entre seus pares. O deputado tem concentrado esforços para apaziguar os ânimos com quem teve os interesses contrariados.
É generoso com a oposição e reconhece as divergências como essenciais na democracia. É negociador, tem limites e ouve a todos. O deputado fala como líder de todo o Parlamento, não apenas de um bloco interessado em manter o poder, essa é a receita.
Ao conseguir a façanha de ontem, aprovando o direito à reeleição na presidência da Câmara legislativa, Rafael Prudente sai como um árbitro que vai ditar o ritmo do jogo, aumentando o seu poder dentro do governo local e o prestigio com o governador Ibaneis Rocha. Quem não entender isso dentro do próprio governo pode se dar mal.
Ele também conquistou a confiança do governador que se sente mais seguro na aprovação de propostas polêmicas que estão pautadas na Câmara Legislativa e que sofrem com a rejeição de uma boa parte dos distritais, como é o caso da redução nos recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa FAP.
O Buriti quer a mudança porque embora haja disponibilidade financeira, a FAP não tem conseguido gastar o dinheiro reservado ao fundo.
Em 2018, a FAP/DF tinha à disposição cerca de R$ 300 milhões, mas o gasto efetivo ficou em R$ 49,1 milhões. Atualmente, de um total autorizado na Lei Orçamentária Anual (LOA) de R$ 366 milhões, apenas R$ 35,6 milhões foram empenhados.
É muito dinheiro encalhado enquanto falta grana em outros setores do governo como a saúde e a educação e também para cuidar melhor das cidades do DF. Além do mais, o FAP nos últimos anos tornou-se antro da corrupção e caso de polícia.
Rafael Prudente negocia um melhor ajuste na proposta do governo sem que prejudique as pesquisas. O governo vai chegar junto.
Outras propostas polêmicas que serão enfrentadas pelo GDF na Câmara, são as que pedem a autorização para que sete Unidades de Pronto Atendimentos sejam construídas pelo Instituto Hospital de Base (IGESDF) e a que permite a participação de O.S (Organizações Sociais) de outros estados em projetos do governo.
Atualmente, só participam as organizações sociais do DF. O governo também precisa da autorização da CLDF para ampliar as atividades econômicas do Setor de Industrias Gráficas (SIG).
Prudente joga no campo institucional e aprendeu a surfar nas ondas da polarização para se apresentar como um dos pilares da Câmara Legislativa.
Se Ibaneis não for a reeleição em 2022, da fumaça branca do Buriti pode brotar “Habemus Rafael”.
Fonte: Radar DF